23 fevereiro, 2013

cena

Era final de madrugada, aquela que precede o amanhecer, quando já é possível enxergar no quase claro. Sonolenta, mas assustada, abri os olhos. Impulsionada por aquela sensação de quando você dorme em outras camas (reclusa em outras paredes), espreguicei as pálpebras me virando na cama. Dei de cara com as tuas costas. Com um sorriso mudo quis contar as pintas que dão vida aos teus ombros pálidos. Esbocei um abraço leve: o meu queixo na tua nuca, o meu ventre colado na tua cintura. Num meio giro lento borrado de sono, você levantou esses teus olhos preguiçosos, o rosto carimbado pelo amassado do sonho. E me olhou com esse tom azedo de quem diz: "mas já? Fica um pouco mais".
Como se o dia só começasse quando a gente acorda.