14 janeiro, 2011
Quando criança sempre gostava de ir até a beira do mar para sentir a onda -que começava brava lá longe e terminava leve na areia- cobrir os meus pés. Era como se o toque da água me tornasse mais humana. Era como se aquilo fosse "deus" para mim, mas ainda não entendia o por que sentia aquela segurança e liberdade. Só agora, depois de adulta, compreendi que o que sentia aos sete anos é a mesma sensação de hoje, aos vinte e cinco, mas com um nome. A mesma sensação de quando abro um livro maravilhoso e leio frases impressionantes e tão magníficas... engolindo-as como se aquilo fosse "deus", como se aquilo sim fizesse sentido, engolindo-as como se fosse a minha vizinha engolindo as palavras da bíblia sagrada. A diferença é que hoje compreendo porque aos nove anos não gostava de ir ao catecismo e fazer a primeira comunhão não me completava. Porque aqui, se deus existe, ele é o mar tocando os meus pés. E somente o mar tocando os meus pés. Nada além disso.