Melancolia

Dos livros todos no lugar
à bagunça que me tornei

Desalinhou meu interior,
minha sala de - estar -

Atenção

A noite tem um cheiro que amortece a - queda -.

Desperdício

Certa vez fiz uma poesia pro cara que morei junto. O pior de tudo não foi ter feito a poesia, nem ter terminado o relacionamento. A pior coisa foi, depois de um tempo, eu ter mostrado o texto para ele quando tentamos ficar juntos novamente. Ele olhou, deu um sorriso amarelo e um tapinha na minha perna, como de consolo. Típico da galera que veste a roupa da sensibilidade, mas quando está nu não carrega um sopro de afeto. A poesia perdeu todo o encanto. Tudo bem... não era lá essas coisas, mas dizia algo bom sobre ele. Dobrei o papel em quatro e guardei no bolso da calça jeans. Coloquei para lavar. Na vida, às vezes, acontece da gente "desperdiçar" ou despetalar poesia. Acontece....

Traço livre

Rascunhei

pouco a pouco

meu desejo
no teu corpo

Encrenca (boa)
são esses teus olhos castanhos.

Compressa

Jeito manso de levar a vida...
A única pressa é tua mão por baixo do meu vestido

O prelúdio de uma vida

E o velho cão deitado sobre o mesmo tapete. Talvez haja a expectativa de uma visita, um pássaro no quintal ou um bocejo de desleixo. Fato é que a palavra reluz abundância e produz exuberância. Ela desengasga os desafetos e emoldura as alegrias.